domingo, 15 de maio de 2011

Jesus Viveu na India ? (Segunda Parte)

Os muitos afazeres nas ultimas semanas acabaram por atrasar a postagem da segunda parte sobre a suposta vida de Jesus na India. Mas enfim consegui concluir o texto.

Falamos em post anterior sobre as teorias de Holger Kersten em seu livro "Jesus Viveu na Índia. A História de Jesus antes e depois da crucificação". 

Agora vamos ver o que devemos pensar sobre essas teorias.

Quais as fontes de Kersten ?
Lendo a explanação de Kersten a primeira pergunta que nos vem a mente é: "Quais são, afinal de contas, as fontes do autor e quais as premissas que as sustentam ? ".
A resposta para tal colocação é bem simples: Holger Kersten professa uma cosmovisão religiosa hinduísta (ora essa cosmovisão assume características Budistas , ora assume características Teosóficas). Sua analise bíblica parte exatamente dessa cosmovisão e tenta reduzir todo o texto sagrado a ela; o povo de Israel seria ligado a Índia, Jesus era budista, foi  aprender na Índia antes de ir pregar na palestina e depois de escapar da morte na cruz retornou para Índia. 

Toda essa falácia tenta se apoiar em três pontos de vista:
  • A lacuna existente nos Evangelhos quanto a adolescência de Nosso Senhor;
  • O Sudário de Turim, que teria envolvido um homem vivo e não morto (de acordo com Kersten);
  • Os apócrifos do Antigo e do Novo Testamento.
Vamos analisar o valor desses alicerces sobre os quais se apóia a fantasia de Kersten.

1) A lacuna entre os 12 e 30 anos que os Evangelhos deixam a respeito da vida de Jesus.

Esse assunto já foi amplamente exposto em Jesus dos 12 aos 30 anos (primeira parte) , Jesus dos 12 aos 30 anos (segunda parte),  Jesus dos 12 aos 30 anos (terceira parte). Não é pois necessário retomar a abordagem sobre esse tema.

2) O Sudário de Turim

H. Kersten menciona o exames no Sudário de Turim para defender a tese de que Jesus não teria morrido na cruz (cf. p. 141-190).

Sobre o Sudário podemos observar que:

O Sudário não pode servir de base para nenhuma argumentação, visto que sua autenticidade ainda esta sob discussão.

Ainda que se admita ser genuíno, ele leva a crer que ali realmente foi envolto um homem morto. O Dr Pierre Barbet , cirurgião francês , escreveu um livro intitulado "A Doctor at Calvary: The Passion of Our Lord Jesus Christ As Described by a Surgeon" que, de forma científica e minuciosa, reconstitui a Paixão e a Morte de Jesus a luz da imagem no Sudário. No mais, diversos outros cientistas que o analisaram viram impresso nele a imagem de um homem morto. H. Kersten toma para si uma tese totalmente singular.

Independente de algum exame do Sudário, toda a Tradição Cristã e os evangelhos trazem narrativas da morte de Jesus na cruz, bem como toda a narrativa de Sua Paixão. Se os sofrimentos antes da crucificação ou a cruz não o matassem o golpe de lança o faria (cf. Jo 19,31-37).

Querendo fugir do fatos, H. Kersten afirma que o golpe de lança foi apenas "uma arranhadura, uma escoriação superficial e não um golpe violento e muito menos um ferimento profundo" (p. 182). Ainda tentando escapar das evidencias dos argumentos, julga H. Kersten que Jesus ficou mais de três dias em seu sepulcro em tratamento dispensado a Ele pelos Essênios (cf. p. 195). Ora, tais explicações beiram o ridículo, pois são baseadas no NADA, e no ridículo também cai sua explicação sobre a Ascensão de Jesus; H. Kersten afirma o seguinte:


"O caminho para Betânia segue em direção ao sul , nos contrafortes do Monte das Oliveiras até o pico da Ascensão num aclive bastante pronunciado. Quem chega até o pico da montanha , logo é perdido de vista pelos que ficam um pouco abaixo" (p. 196) . 

Assim o autor quer dizer que Jesus desceu para o outro lado da montanha de modo a desaparecer dos olhos dos Apóstolos; não terá se elevado aos céus...

Toda a tradição professa a morte de Jesus na cruz e indica seu sepulcro em Jerusalém. Não há, entre os grupos cristãos dos primeiros séculos, noticia alguma de sepultura de Jesus fora dos limites de Jerusalém. Se houvesse sepulcro fora dessa cidade teríamos tido noticias de peregrinações por parte de ao menos um dos muitos grupos de cristão ao local onde estaria enterrado Nosso Senhor.

As hipóteses levantadas baseiam-se unicamente na vontade de Kersten de transformar Jesus em um Bodhisattwa.

Kersten se mostra simplesmente disposto a negar qualquer coisa fora de sua fantasia e moldar tudo conforme sua própria vontade. Temos por exemplo o Evangelho de Mateus dizendo:

"Deram-lhe a beber vinagre misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber."  (Mt c27 vv 34). 
 "E logo um deles, correndo, tomou uma esponja, e embebeu-a em vinagre, e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber." (Mt c27 vv 48). 
Mas para Karsten não era vinagre... era um sedativo indiano , suco da planta asclepias acida . Ou seja, não importa o que esta escrito. Se esta dito que é BRANCO e eu quero dizer que é VERDE... Isso basta para alimentar a fantasia de Kersten.

Outro ponto gratuito das afirmações de Kersten é sobre os cravos nas mãos e pés dos crucificados. Partindo de supostas experiências feitas com cadáveres ele afirma que os cravos não destruíam vasos sanguíneos importantes e nem ossos , assim sendo não causariam lesões suficientemente graves para causar morte. Mais uma vez nosso escritor se afasta da realidade. Todo estudioso sobre métodos de  execução na antiguidade afirma que a morte por crucificação ocorria principalmente por causa da ASFIXIA... logo , mais uma vez, a argumentação de Kersten é gratuita e infundada.

Vemos então que Kersten apoiou-se em TOTAL INVERDADE para sustentar suas fantasias.

Semana que vem terminaremos esse assunto. Até lá.
 


Nenhum comentário:

Postar um comentário