Recentemente, um dos leitores de nosso blog nos lembrou a existência de mais uma teoria sobre a vida e os passos de Jesus Cristo que diverge dos evangelhos oficiais.
De acordo com tal teoria, Jesus teria vivido na Índia, onde teria adquirido toda a sua sabedoria e seus maravilhosos poderes. Esta tese é apresentada pelo escritor Holger Kersten no seu livro "Jesus Viveu na Índia. A História de Jesus antes e depois da crucificação". Analisemos então a temática e avaliemos o conteúdo de tal livro.
A Tese do Autor
Holger Kersten aceita o nascimento de Jesus em Belém da Palestina (cf. p. 106). Todavia, defende que Jesus não foi um judeu ortodoxo (cf. p. 83). O titulo Nazereno segundo o autor não faria referencia ao fato de Jesus ter vivido em Nazaré, faria sim, alusão ao fato de Jesus ser um Nazireu ou Essênio (cf. p. 110s); Durante o tempo em que permaneceu refugiado no Egito à fim de escapar da perseguição do Rei Herodes, Jesus teria sido iniciado ao budismo na cidade de Alexandria (cf. p. 105). Em Qumran (cf. pp. 117.148) , sede dos Essênios junto ao Mar Morto, Jesus teria por um tempo se submetido ao estudo da sabedoria dessa seita, que para o autor misturava conceitos tradicionais judaicos e teorias esotéricas orientais. Kersten afirma que após esse tempo Jesus teria se dirigido à Índia , se aprofundado nas teorias budistas (inclusive nos mecanismos da reencarnação).
Já carregando toda essa formação, teria Jesus voltado a Palestina; visto que sua pregação incomodava os israelitas foi condenado à morte crucificado. Todavia não teria morrido na cruz; um exame detalhado do Sudário de Turim, conforme Kersten , revelaria que o homem ali envolvido ainda estava vivo. Jesus então teria se refeito de suas contusões (adquiridas na Sua Paixão) ; para isso contribuiu o vinagre (na verdade um sedativo) que Ele tomou enquanto estava pregado na cruz; isto o ajudou a repousar no sepulcro e em data posterior (não três dias) pudesse sair deste (cf. p. 173-5). Sua recuperação teria sido possível graças a ajuda dos Essênios.
Após recuperado, Jesus foi para Damasco onde se mostrou a Paulo (cf. p. 199) e então retornou a Índia, onde pregou intensamente sob o nome de Yaz Asaf ; teria morrido como budista fiel com mais ou menos 80 anos de idade.
Curiosamente o autor ainda defende que Jesus poderia ter estado no ocidente, onde teria estado na França e na Inglaterra para instruir as "Congregações Afiliadas" (cf. p. 205). O nome Cristo é equivalente a Krishna.
Conforme Kersten , o cristianismo de hoje é uma obra de Paulo e não de Jesus, se coadunasse com o pensamento deste, o cristianismo apresentaria elementos esotéricos e secretos (cf. p. 203). Paulo teria lançado mão de concepções gregas para elaborar suas diversas cartas, os evangelhos seriam pouco fidedignos e traduziriam um modo de ver a vida totalmente diferente do que Jesus teria.
Em busca de corroborar sua tese, Kersten empresta a Abraão uma origem Índiana, teria esse vindo de uma pequena cidade da Índia chama Harã, que para o autor é a mesma Harã que se refere o Gn 11,32 (cf. p. 50). Outras curiosas afirmações são:
- O túmulo de Moisés estaria na Caxemira (cf. p. 59);
- Salomão teria sido instruído na Índia (cf. p. 64);
- O dilúvio descrito na Bíblia teria ocorrido na Índia (cf. p. 66);
- As dez tribos que separaram a casa de Davi após a morte de Salomão emigraram para a Caxemira;
- Jõao Batista teria sido educado na Índia (cf. p. 129).
Kersten revoluciona todas as concepções do Antigo e do Novo Testamento, dando as narrativas ali contidas interpretações hinduistas ou budistas. Para tanto, se apóia com freqüência nos escritos da senhora Helena Blavatsky, fundadora da Teosofia. Serve-se ainda de obras modernas sobre história das religiões e arqueologia; reproduz numerosos gráficos e expõe numerosas imagens, dando assim um cunho aparatoso em sua obra, apto a impressionar todo e qualquer imperito.
Mas o que pensar sobre o assunto ?
É disso que falaremos no próximo post... até lá.
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