sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Jesus Dos 12 Aos 30 Anos (Segunda Parte)

Na semana passada apresentamos algumas hipóteses sobre a vida de Jesus Cristo entre 12 e 30 anos. Nos comprometemos ainda à apresentar na exegese a autentica solução para o problema. 

Pois bem, procederemos por três etapas:

 Primeira Etapa: A Estrutura dos Evangelhos

 As sentenças que afirmam que Jesus viajou para fora da Palestina supõem que Evangelhos sejam biografias de Nosso Senhor.  A biografia é um gênero literário em que o autor narra a história da vida de uma pessoa ou de várias pessoas. De um modo geral as biografias contam a vida de alguém depois de sua morte. Uma biografia requer que sejam narradas as origens do personagem (nascimento, infância ...) , que suas principais façanhas sejam descritas e, finalmente, se chegue então a narrativa de seu ocaso terrestre.


O esquema abaixo ilustra como se dá uma biografia:
  1. Narrativas do Nascimento;
  2. Narrativas Sobre a Infância;
  3. Narrativas Sobre a Adolescência;
  4. Narrativas Sobre Maturidade;
  5. Narrativas Sobre o Declínio.
Os que pretendem encontrar nos Evangelhos esse tipo de gênero literário admiram-se por haver ali a omissão dos itens 2 e 3. Então, concluem que os biógrafos  nada publicaram porque nada havia de documentado e que nada havia de documentado porque Jesus estaria fora da Palestina (há ainda os que julgam que as omissões são propositais e que pretendem esconder do mundo o fato de que Jesus estaria ligado ao chamado "esoterismo") . Diante desse pensamento , procuram pela fantasia, reconstruir o itinerário e as características das viagens de Jesus.

A suposição de que os Evangelhos pertencem ao gênero literário das biografias é completamente errônea.  Nunca foi do desejo dos evangelistas relatar a vida de Cristo como uma biografia. A função deles foi fazer eco a tradição oral que os apóstolos transmitiram sobre Jesus de Nazaré. As pregação oral anunciava primeiro a Páscoa do Cristo - Sua paixão, morte e ressurreição e seu valor salvífico para o homem; esse era o ponto culminante da pregação oral e mais tarde dos evangelhos: o Plano da Salvação. Na sequência, a pregação oral cuidava de transmitir aos homens o cerne da doutrina transmitida por Nosso Senhor durante os três anos de seu ministério junto aos homens (a cronologia e a topologia do anuncio dessa doutrina, não raro, esta submetida ao intuito catequético dos evangelistas); São Marcos por exemplo situa esse ministério público entre o batismo de Jesus no Rio Jordão ao momento de sua ascensão aos céus (São Pedro refere-se ao mesmo esquema em At 1,22). Qualquer coisa que tenha ocorrido antes desse período não interessava ao plano catequético e pastoral dos Apóstolos por não fazer parte do Plano Salvífico traçado para a humanidade e , logo, não era relevante. Se porém, encontramos em Mt e Lc algo da infância de Jesus, é preciso lembrar que tais textos são adicionados ao esquema de catequese; acham-se em apêndice, embora iniciem os escritos de Mt e Lc; cada um deles houve por bem escolher da tradição anterior esses poucos episódios referentes a Maria, a S. José, Zacarias, Izabel , João Batista e Jesus. Sem necessariamente se julgar obrigado a narrar tudo o que ocorreu antes dos trinta anos de existência de Jesus.  Deve-se perceber que tudo o que há de narrado sobre a infância de Jesus envolve fatos extraordinários e que de forma muito coesa se ligam ao que há de profético e maravilhoso (anunciação, fuga para o Egito, a ligação familiar com João Batista, etc) quanto ao que demais houve na vida de Nosso Senhor antes dos trinta anos isso não era relevante a ponto de ser narrado , mas não podemos dizer que os apóstolos ignoravam tais acontecimentos (vide Mt 13, 53-56; Mc 6,2s que abordaremos mais adiante). Por fim , podemos dizer que se os evangelistas nada tivessem dito sobre a infância de Jesus nos Evangelhos, ainda assim a finalidade dos mesmos estaria preservada.

Em resumo, assim representamos as nossas observações:

Gênero literário "BIOGRAFIA"

  1. Narrativas Sobre Nascimento;
  2. Narrativas Sobre a Infância;
  3. Narrativas Sobre a Adolescência;
  4. Narrativas Sobre Maturidade;
  5. Narrativas Sobre o Declínio.
Gênero literário "EVANGELHO"

  1. Páscoa (Morte e ressurreição);
  2. Vida Pública (Síntese da mensagem);
  3. Infância (Traços esparsos narrados em Mt e Lc de forma "gratuita).
Logo, podemos concluir que a surpresa de alguém perante o fato dos Evangelhos não narrarem a vida de Jesus entre 12 e 30 anos é algo totalmente sem propósito. Procurar explicar tal período da vida de Jesus com viagens para qualquer local que seja indica total falta de conhecimento por parte do "pesquisador"; é questão mal colocada , baseada em pressupostos e concepções errôneas.

Uma vez observada a inconsistência do problema, cabe à nós agora examinarmos o texto do Evangelho e procurar ai os indícios sobre como viveu Jesus durante esse período.

Mas isso fica pro próximo post. Até lá.

2 comentários:

  1. Existe uma tese, naturalmente polêmica, escrita por um teólogo alemão. Este centra seus estudos na possibilidade de Jesus não ter morrido na cruz e de ter escapado para a Índia, após a crucificação: esta que não teria passado de uma armação. No Oriente Jesus casou, teve filhos e morreu idoso: http://www.gatosepapos.blogspot.com/2011/04/jesus-viveu-na-india.html

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    1. De uma lidinha aqui:

      http://frateralexander.blogspot.com.br/2011/04/jesus-viveu-na-india-primeira-parte.html
      http://frateralexander.blogspot.com.br/2011/05/jesus-viveu-na-india-segunda-parte.html

      Abraços

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