Na semana passada apresentamos algumas hipóteses sobre a vida de Jesus Cristo entre 12 e 30 anos. Nos comprometemos ainda à apresentar na exegese a autentica solução para o problema.
Pois bem, procederemos por três etapas:
Primeira Etapa: A Estrutura dos Evangelhos
As sentenças que afirmam que Jesus viajou para fora da Palestina supõem que Evangelhos sejam biografias de Nosso Senhor. A biografia é um gênero literário em que o autor narra a história da vida de uma pessoa ou de várias pessoas. De um modo geral as biografias contam a vida de alguém depois de sua morte. Uma biografia requer que sejam narradas as origens do personagem (nascimento, infância ...) , que suas principais façanhas sejam descritas e, finalmente, se chegue então a narrativa de seu ocaso terrestre.
O esquema abaixo ilustra como se dá uma biografia:
- Narrativas do Nascimento;
- Narrativas Sobre a Infância;
- Narrativas Sobre a Adolescência;
- Narrativas Sobre Maturidade;
- Narrativas Sobre o Declínio.
Os que pretendem encontrar nos Evangelhos esse tipo de gênero literário admiram-se por haver ali a omissão dos itens 2 e 3. Então, concluem que os biógrafos nada publicaram porque nada havia de documentado e que nada havia de documentado porque Jesus estaria fora da Palestina (há ainda os que julgam que as omissões são propositais e que pretendem esconder do mundo o fato de que Jesus estaria ligado ao chamado "esoterismo") . Diante desse pensamento , procuram pela fantasia, reconstruir o itinerário e as características das viagens de Jesus.
A suposição de que os Evangelhos pertencem ao gênero literário das biografias é completamente errônea. Nunca foi do desejo dos evangelistas relatar a vida de Cristo como uma biografia. A função deles foi fazer eco a tradição oral que os apóstolos transmitiram sobre Jesus de Nazaré. As pregação oral anunciava primeiro a Páscoa do Cristo - Sua paixão, morte e ressurreição e seu valor salvífico para o homem; esse era o ponto culminante da pregação oral e mais tarde dos evangelhos: o Plano da Salvação. Na sequência, a pregação oral cuidava de transmitir aos homens o cerne da doutrina transmitida por Nosso Senhor durante os três anos de seu ministério junto aos homens (a cronologia e a topologia do anuncio dessa doutrina, não raro, esta submetida ao intuito catequético dos evangelistas); São Marcos por exemplo situa esse ministério público entre o batismo de Jesus no Rio Jordão ao momento de sua ascensão aos céus (São Pedro refere-se ao mesmo esquema em At 1,22). Qualquer coisa que tenha ocorrido antes desse período não interessava ao plano catequético e pastoral dos Apóstolos por não fazer parte do Plano Salvífico traçado para a humanidade e , logo, não era relevante. Se porém, encontramos em Mt e Lc algo da infância de Jesus, é preciso lembrar que tais textos são adicionados ao esquema de catequese; acham-se em apêndice, embora iniciem os escritos de Mt e Lc; cada um deles houve por bem escolher da tradição anterior esses poucos episódios referentes a Maria, a S. José, Zacarias, Izabel , João Batista e Jesus. Sem necessariamente se julgar obrigado a narrar tudo o que ocorreu antes dos trinta anos de existência de Jesus. Deve-se perceber que tudo o que há de narrado sobre a infância de Jesus envolve fatos extraordinários e que de forma muito coesa se ligam ao que há de profético e maravilhoso (anunciação, fuga para o Egito, a ligação familiar com João Batista, etc) quanto ao que demais houve na vida de Nosso Senhor antes dos trinta anos isso não era relevante a ponto de ser narrado , mas não podemos dizer que os apóstolos ignoravam tais acontecimentos (vide Mt 13, 53-56; Mc 6,2s que abordaremos mais adiante). Por fim , podemos dizer que se os evangelistas nada tivessem dito sobre a infância de Jesus nos Evangelhos, ainda assim a finalidade dos mesmos estaria preservada.
Em resumo, assim representamos as nossas observações:
Gênero literário "BIOGRAFIA"
Uma vez observada a inconsistência do problema, cabe à nós agora examinarmos o texto do Evangelho e procurar ai os indícios sobre como viveu Jesus durante esse período.
Mas isso fica pro próximo post. Até lá.
A suposição de que os Evangelhos pertencem ao gênero literário das biografias é completamente errônea. Nunca foi do desejo dos evangelistas relatar a vida de Cristo como uma biografia. A função deles foi fazer eco a tradição oral que os apóstolos transmitiram sobre Jesus de Nazaré. As pregação oral anunciava primeiro a Páscoa do Cristo - Sua paixão, morte e ressurreição e seu valor salvífico para o homem; esse era o ponto culminante da pregação oral e mais tarde dos evangelhos: o Plano da Salvação. Na sequência, a pregação oral cuidava de transmitir aos homens o cerne da doutrina transmitida por Nosso Senhor durante os três anos de seu ministério junto aos homens (a cronologia e a topologia do anuncio dessa doutrina, não raro, esta submetida ao intuito catequético dos evangelistas); São Marcos por exemplo situa esse ministério público entre o batismo de Jesus no Rio Jordão ao momento de sua ascensão aos céus (São Pedro refere-se ao mesmo esquema em At 1,22). Qualquer coisa que tenha ocorrido antes desse período não interessava ao plano catequético e pastoral dos Apóstolos por não fazer parte do Plano Salvífico traçado para a humanidade e , logo, não era relevante. Se porém, encontramos em Mt e Lc algo da infância de Jesus, é preciso lembrar que tais textos são adicionados ao esquema de catequese; acham-se em apêndice, embora iniciem os escritos de Mt e Lc; cada um deles houve por bem escolher da tradição anterior esses poucos episódios referentes a Maria, a S. José, Zacarias, Izabel , João Batista e Jesus. Sem necessariamente se julgar obrigado a narrar tudo o que ocorreu antes dos trinta anos de existência de Jesus. Deve-se perceber que tudo o que há de narrado sobre a infância de Jesus envolve fatos extraordinários e que de forma muito coesa se ligam ao que há de profético e maravilhoso (anunciação, fuga para o Egito, a ligação familiar com João Batista, etc) quanto ao que demais houve na vida de Nosso Senhor antes dos trinta anos isso não era relevante a ponto de ser narrado , mas não podemos dizer que os apóstolos ignoravam tais acontecimentos (vide Mt 13, 53-56; Mc 6,2s que abordaremos mais adiante). Por fim , podemos dizer que se os evangelistas nada tivessem dito sobre a infância de Jesus nos Evangelhos, ainda assim a finalidade dos mesmos estaria preservada.
Em resumo, assim representamos as nossas observações:
Gênero literário "BIOGRAFIA"
- Narrativas Sobre Nascimento;
- Narrativas Sobre a Infância;
- Narrativas Sobre a Adolescência;
- Narrativas Sobre Maturidade;
- Narrativas Sobre o Declínio.
- Páscoa (Morte e ressurreição);
- Vida Pública (Síntese da mensagem);
- Infância (Traços esparsos narrados em Mt e Lc de forma "gratuita).
Uma vez observada a inconsistência do problema, cabe à nós agora examinarmos o texto do Evangelho e procurar ai os indícios sobre como viveu Jesus durante esse período.
Mas isso fica pro próximo post. Até lá.
Existe uma tese, naturalmente polêmica, escrita por um teólogo alemão. Este centra seus estudos na possibilidade de Jesus não ter morrido na cruz e de ter escapado para a Índia, após a crucificação: esta que não teria passado de uma armação. No Oriente Jesus casou, teve filhos e morreu idoso: http://www.gatosepapos.blogspot.com/2011/04/jesus-viveu-na-india.html
ResponderExcluirDe uma lidinha aqui:
Excluirhttp://frateralexander.blogspot.com.br/2011/04/jesus-viveu-na-india-primeira-parte.html
http://frateralexander.blogspot.com.br/2011/05/jesus-viveu-na-india-segunda-parte.html
Abraços