domingo, 18 de setembro de 2011

A Liturgia da Santa Comunhão - Parte IV

Ritos Iniciais

Os ritos iniciais são talvez os mais importantes da liturgia. Isto porque eles servem para preparar a Igreja para adorar na presença de Deus.



Canto de Entrada

Um canto de entrada, um prelúdio musical ou uma recitação de salmos prepara a Igreja para entrar no espírito de adoração. É muito comum e necessário. É nessa hora que os fiéis vão saber que estão participando do culto a Deus.

Saudação

O ministro faz uma saudação aos fíéis reunidos. O ideal é que essa saudação seja feita em nome Santíssima Trindade. Isso identifica que o ministro vai conduzir um culto a Eles e não a outros deuses ou a si próprio como tem se tornado comum entre os "super-pastores" e ditos "apóstolos".

Oração Inicial

Uma oração inicial que tem como objetivo pedir a Deus que aceite o culto oferecido e que prepare o coração dos fiéis.

Penitência

Muitas igrejas carismáticas, modernas ou pentecostais tem ignorado solenemente esta parte que é uma das mais fundamentais. Todos os ritos iniciais poderiam ser até esquecidos, mas este jamais. A penitência é o momento em que o ministro vai conduzir a Igreja reunida ao arrependimento. Neste momento a Igreja deve refletir sobre sua pecaminosidade e rogar misericórdia a Deus.

É um momento ainda mais indispensável caso a celebração seja eucarística. Para as missas em geral, a comunhão é sempre feita. Entretanto muitas igrejas protestantes não celebram a comunhão em todos os seus cultos.

Ainda assim, o ato penitencial deveria ser executado toda vez que os fiéis seu reunissem na presença de Deus, seja por qual motivo for. Inclusive nas orações privadas.

Algumas igrejas colocam o ato penitencial não nos ritos iniciais, mas antes da Comunhão em si.

Pentitência, ou seja, confissão, é questão de vigília. Não sabemos o dia de amanhã, então confesse sempre que estiver diante do Altíssimo.

Santas Escrituras

Terminados os ritos iniciais, especialmente o ato penitencial, a Igreja está preparada para prosseguir sua Santa Comunhão pública, normalmente se segue a liturgia da Palavra.

A liturgia da Palavra é a parte docente do culto, ou seja, é o momento em que os fiéis aprenderão a respeito da doutrina do Nosso Senhor Jesus Cristo.

É também o momento em que a Igreja reunida identificará sua fé.

Leitura das Escrituras

A leitura sempre existiu na Comunhão. Nos tempos antigos, o acesso a Bíblia era raríssimo e portanto a leitura das Palavras de Deus servem para levar ao povo este santo conhecimento.

A leitura da Bíblia era tão restrita à Comunhão que o Livro Sagrado passou a ser tratado com muita reverência desde os tempos nicenos e não era pra menos já que, em muitos lugares, o exemplar da Bíblia da igreja local era o único exemplar a quilômetros de distância.

É possível ver esta reverência hoje nas igrejas que utilizam liturgias antigas, como os ramos oriental e romano. A forma como o ministro manuseia o livro é cheia de respeito e de ritualística.

A partir do surgimento da imprensa, a Igreja, especialmente o ramo protestante, começou a difundir largamente a leitura da Bíblia fora do culto público. Foi a partir daí que a Bíblia Sagrada se tornou o livro mais famoso, mais lido e mais impresso do universo.

O ideal é que a leitura seja feita através de um lecionário, ou seja, através de uma organização cronológica de forma que a leitura não seja feita de acordo com a cabeça do ministro, mas sim de uma maneira que, ao longo de 1 ano ou mais, os fiéis tenham estudado a Bíblia de forma sistemática.

Os carismáticos e pentecostais em geral não gostam de lecionários. Eles acham que a Igreja tem que ler o que o Espírito mandar. Os tradicionais preferem a idéia de que o Espírito deve preferir que a Igreja estude toda a Bíblia sistematicamente e a leia e a entenda como um todo. Afinal, elas já são as Palavras do Altíssimo.

Proclamação do Evangelho

É a mesma leitura, mas nessa parte, lê-se o que há de mais importante nas Escrituras: o Evangelho do Nosso Senhor. A reverência aqui é ainda maior. Em liturgias antigas, que remontam os tempos em que a Bíblia era rara, a parte em que o Livro do Evangelho é aberto para leitura é cheio de reverência.

Homília

Também conhecida como pregação, é a parte em que o ministro vai falar a respeito daquilo que foi lido. O ministro pode usar uma homília escrita ou discursar de cor.

Os carismáticos vão falar as palavras que os Espírito soprou no ouvido. O fato é que os loucos na sua loucura realmente escutam "coisas". Os que usam a homilética tradicional preferem clarear a mente dos fiéis com lições que os ajudem a entender a Bíblia, que é a única Palavra dada por Deus para toda a eternidade.

Confissão de Fé

Os fiéis reunidos fazem a leitura de uma confisão de fé que identifiquem sua fé naquilo que foi lido e no Nosso Senhor Jesus Cristo e na Sua Santa e Amada Igreja. Algumas igrejas acham isso repetitivo demais e não fazem isso com frequência. Deve ser por isso que muitos cristãos hoje não se lembram mais em que creem direito.

Na igreja oriental o Credo Niceno é o preferido. Na ocidental, o Credo Apostólico. Ambos maravilhosas e antigas simplificações da fé cristã.

Celebração Eucarística

Este é o centro do culto a Deus, porque é a Liturgia Divina. A Santa Ceia é a repetição que Jesus ordenou aos seus Apóstolos. Fazemos isso em memória Dele. Muitas igrejas fazem isso em todos os cultos públicos, é o caso da missa católica. No ramo protestante várias igrejas só celebram de tempos em tempos, normalmente 1 vez por mês.

As justificativas para o número de vezes que se deve celebrar a Santa Ceia são diversas. Alguns Padres da Igreja afirmam que o cristão deve receber a Ceia em todas as celebrações públicas sempre que possível. Basílio de Cesaréia chegava a comungar 4 vezes por semana. Por outro lado, Agostinho já dizia que isso é de acordo com a necessidade de cada cristão. Entre os reformadores, Zuínglio considerava possível até 4 Comunhões por ano, enquanto que Calvino achava indispensável que a Comunhão fosse celebrada todos os domingos.

Interceção

É comum em muitas liturgias que uma interceção seja feita antes da Sagrada Comunhão. Neste momento o ministro e as vezes os fiéis vão orar por diversas classes de pessoas ou por diversos motivos. Normalmente há uma lista oficial de classes de pessoas cuja a petição é dirigida. A lista pode ser imensa em liturgias antigas e medievais, como pode ser bem resumida ou ainda pode ser mais espontânea, relacionando-se a problemas locais ou passageiros. Algumas igrejas usam os chamados Livros de Oração, onde as pessoas escrevem motivos para que durante a liturgia o ministro faça interceção.

Para uma boa interceção é recomendável que ela seja sempre escrita, para que ninguém seja esquecido. A interceção é muito importante para o Corpo de Cristo.

Palavras da Instituição

São as palavras que descrevem o momento em que Jesus celebrou a Última Ceia. É a Liturgia Excelente e Divina, pois é a repetição universal que certamente nunca foi alterada desde os Santos Apóstolos.

Normalmente são repetidas as palavras de S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas ou S. Paulo. Nas de Paulo se diz:

Na noite em que foi entregue o SENHOR JESUS tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: Isto é o Meu Corpo, que é para vós; fazei isto em memória de MIM.

Do mesmo modo, após a Ceia, também tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a nova Aliança em Meu Sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de MIM.


Nas igrejas que usam hostia a comunhão é feita em um único ato. Nas igrejas que mantém a tradição do Pão e do Vinho, são dois atos, um para cada Elemento do Corpus Christi.

Neste momento, o ministro também excomunga aqueles que não podem participar da Santa Ceia, ou seja, os infiéis e os indignos. Pelo menos é isso que deveria ser feito, mas com o passar dos anos a excomunhão foi ficando cada vez menos clara. Em liturgias da antiguidade, o ministro exigia claramente que os excomungados saíssem do templo durante a Santa Ceia. Na idade média a excomunhão também está presente com clareza, assim como a advertência do sacrilégio de participar da Ceia sem um devido ato de confissão. Hoje a excomunhão da ceia é considerado muito severo entre os modernistas, que assim acabam empurrando pessoas que são incapazes de discernir o Corpus Christi, o que é um grave pecado.

A excomunhão das crianças e outro assunto discutido. Algumas igrejas, especialmente as orientais, costumam deixar que crianças comunguem. No ocidente, porém, já é mais conhecido que uma criança deve ser excomungada até que ela se torne adulta, confesse sua fé e assim possa receber sua Primeira Comunhão

Consagração

O ministro consagra o Corpo e o Sangue e pede a capacitação dos fiéis para receber tão sublimes elementos. Nas igrejas da transubstanciação, como no catolicismo, o Pão e o Vinho se transformam no verdadeiro Corpo de Cristo. Nas outras igrejas, o Pão e Vinho que foram devidamente consagrados, se tornam um símbolo sagrado do Sacrifício do Cordeiro de Deus.

Em toda a cristandade, este momento representa dramaticamente a morte de Cristo pela Igreja. O momento mais importante de toda a história universal.

Comunhão

O Corpo e o Sangue são recebidos pela igreja. Na igreja primitiva eram usados Pão e Vinho separadamente como mostram várias fontes inclusive a rústica liturgia encontrada na Primeira Apologia de São Justino que data do segundo século. Entretanto ao longo do tempo muitas igrejas começaram a adotar a hostia como um símbolo do pão e do vinho.

Ações de Graças

Um momento para horar pelas bençãos de Deus e pelo privilégia de participar da Mesa de Cristo.

Ritos Finais

Benção

O ministro dá sua benção aos fiéis reunidos. Existem muitas fórmulas de bençãos famosas, como a Benção Araônica, a Benção Apostólica, ou outras bençãos que podem ser extraídas da Bíblia ou de outros escritos.

Despedida

A Igreja é despedida. Isto normalmente é feito com uma palavra do ministro ou com um posludio musical.


Observações

Dependendo da liturgia ela será mais cantada, mais falada, mais escrita ou menos escrita. Tudo dependerá da tradição da Igreja.

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