domingo, 13 de janeiro de 2013

Da Verdade e De Sua Apreensão Pelo Ser Humano

"O que é a verdade ?". "É possível se chegar a ela ?".

Pode parecer difícil responder a essas perguntas em plena época do politicamente correto , quando a ditadura do relativismo impõe a politica do bom-mocismo até mesmo aos centros ditos mais conservadores no mundo ocidental.

Pode parecer , todavia não é.


O ser humano pode e deve fazer essas perguntas, pois as suas faculdades são capazes de apreender a verdade desde que ele adote critérios seguros para faze-lo.  Assim, pode-se concluir que ele chegara a uma resposta definitiva, isenta de qualquer subjetividade ou relativismo. 

A resposta a questão da verdade exige uma breve observação: Falar sobre a verdade e sobre a possibilidade de se chegar a ela, toca noções fundamentais, que qualquer raciocínio pressupõe. Mesmo que se porte como relativista todo homem que indaga sobre a verdade de algo admite a possibilidade de poder apreender essa verdade , caso contrário não indagaria sobre ela. Nem mesmo que fosse para apresentar contra argumentos a um argumento qualquer apresentado sobre aquele algo a ele.

A partir daqui , analisaremos e explicitaremos noções sobre os conceitos de verdade e de apreensão da verdade. Obviamente, não nos será possível demonstrar aqui que a inteligencia humana é capaz de apreender a verdade, todavia partimos do conhecimento, tendo-o como certo, de que a mesma não somente o é, mas a todo momento, esta apta a faze-lo. 

Tal aptidão não precisa ser demonstrada, tal que , ao menos de modo implicito, a reconhecemos constantemente e expressamos tal reconhecimento todas as vezes que nos colocamos a tentar conhecer alguma coisa nova. Ora, se não fosse possível a nós apreender conhecimento sobre algo, então de fato nem o tentaríamos. 

Bom, agora consideraremos em primeiro lugar o que é a verdade e , a seguir, o critério da verdade.

1. Que é a verdade?
1) Ensinam os filósofos, que a verdade é a conformidade , a adequação, entre realidade e inteligência. 

Consideremos sob dois aspectos tal conformidade:

1.a) A conformidade do ser ou do objeto com a inteligência que o concebe. Ai se encontra a verdade do ser ou verdade ontológica. Trocando em miúdos, o ser é dito verdadeiro, pois se encontra em conformidade com aquilo que a inteligência  concebeu sobre ele.

Não vou me alongar nessa primeira parte. Quero apenas ressaltar que todo ser é verdadeiro em comparação com a inteligência divina, pois essa concebeu todos os seres em plena conformidade com o arquétipo que lhes concebido pelo Criador. O que existe agora é reflexo direto da sabedoria divina. Não há ser que exista que não esteja em correspondência com o exemplar traçado por Deus; logo, percebe-se que não há ser que não tenha verdade ontológica

Claro que tal raciocínio suscita a questão do erro, do mal e da falsidade no universo! Porém lembramos que esses não são entidades positivas, sendo tão somente carências de entidade (tal qual tratou o Doutor Angélico).

1.b) A conformidade entre inteligência e objeto considerada do lado da inteligência e não do objeto. Sim , eis ai a verdade lógica. Ela é a adequação da inteligência ao objeto, a uma realidade que ela não faz e que existe independente dela. Essa é a verdade do conhecimento, onde entra o trabalho criteriológico.  


Vemos então, que o conceito de verdade inclui a noção de algo (objeto) que exite fora do individuo e que é apreendido pela inteligência tal como é (produzindo-se então adequação ou conformidade).  

2) Eis que surge a duvida:

Como garantir que aprendemos os objetos existentes fora de nós realmente são ? Como garantir que não apreendemos apenas uma aparência desses objetos ? Quem pode realmente dizer que nosso conhecimento daquilo que é externo a nós não passa de uma fantasia subjetiva ?

A duvida é pertinente e sua elucidação relativamente simples. Ela se resolve pela experiência e pela verificação do quão absurdas são as consequências do relativismo e do ceticismo. Vamos partir para a elucidação sob três aspectos: 

2.a) A experiencia nos mostra que afirmamos a existência do nosso corpo e do mundo sensível .

Na percepção do mundo sensível, somos conscientes de nossa passividade e que nossos sentidos são excitados por estímulos exteriores. Nossos conceitos intelectuais atestam a existência de seres fora de nós, relacionados a atos dos sentidos que dependem de objetos que nos são exteriores (quem tem um problema olfativo jamais concebera o perfume de uma flor, assim como o que tem surdez de nascença jamais concebera o som do canto de um pássaro). 

Os que negam nossa capacidade de apreendermos o mundo sensível, só o podem faze-lo teoricamente, na prática agem como se seguros fossem de lidar com tais e tais corpos (que existem fora de nós e cuja afirmação se nos impõe com necessidade inelutável) bem distintos uns dos outros (alimento, contra baixo elétrico, baixolão, etc).

Ora. A espontaneidade com que afirmamos a existência de objetos fora de nós, não pode ser de forma alguma uma ilusão. A ilusão é algo que só pode ser afirmada quando a verdade acerca do objeto sobre o qual estávamos iludidos é apreendida, fazendo desse objeto alvo de nosso pleno conhecimento; é somente pela comparação da verdade apreendida sobre o objeto contraposta a noção que anteriormente dele fazíamos que podemos concluir se estávamos imersos em uma ilusão.

Diante do exposto acima , torna-se impossível acreditar que a percepção do mundo sensível se sujeite a uma ilusão, pois isso se faria uma contradição fragosa.  

Descartada então a possibilidade de ilusão , podemos já afirmar que estamos totalmente certos ao julgar que somos capazes de apreender os objetos a nós exteriores. Dizer que estamos encerrados em nossa percepção de forma unicamente subjetiva nos levaria a condição de seres incapacitados de atingir a realidade exterior e de fazer distinção entre exterior e interior (distinção essa que nossa consciência certamente faz).

Concluímos pois que a experiência do dia a dia na qualidade de ilusão simplesmente é insustentável. Nesse ponto, toda e qualquer modalidade de idealismo desmorona ante o realismo natural. Os que querem negar isso caem em risível absurdo e é obrigado a reconhecer o valor objetivo das percepções humanas. 

2.b) Vejamos agora, o simples fato de se duvidar da veracidade de algo supõe que possuímos algumas noções. Quem duvida se afirma em existência (<<Eu duvido>>,<<Sou um sujeito que duvida>>); quem duvida sabe o que é duvida e o que é certeza , e sabe distinguir entre uma e outra (sabe distinguir o ser do não-ser); quem duvida carrega a certeza de os motivos para afirmar uma coisa ou outra são insuficientes, etc. Observem quantas certezas , quantas verdades são necessárias para se levantar uma duvida. Ora , é necessário partir de diversas afirmações sólidas para se levantar uma duvida, donde se vê que a duvida nada mais é que a filha de uma séria de certezas prévias de alguns dados; logo, a duvida universal (duvida a repeito de todas as coisas) , como atitude prática , é simplesmente impossível. Não há relativismo pleno pois até mesmo afirma-lo exige certeza sobre algumas certas coisas.

2c) O ceticismo se mostra contraditório. Efetivamente, o ceticismo afirma que de tudo devemos duvidar por sermos incapazes de atingir a verdade com certeza.

Por enquanto paro por aqui, são 03:46 da manhã e estou cansado. Na semana que vem editarei o restante desse artigo. Antes quero deixar algumas coisas claras:


  •  Verdade é a correspondência entre a  idéia de um sujeito com relação ao objeto conhecido por ele.
  • Se eu imagino que a letra A seja letra A eu estou certo sobre ela. Se eu imaginar qualquer outra coisa estou simplesmente errado. 
  • Há somente quatro posições possíveis ante um objeto:


1. Se alguém concebe um objeto tal qual ele é, então possui a verdade sobre esse objeto;
2. Se alguém concebe um objeto diferente daquilo que ele é, então não possui a verdade sobre ele, se alguém afirma a idéia de forma que não corresponda ao objeto, esse alguém esta errado sobre o objeto.
3. Se alguém sabe o que o objeto é e simplesmente o nega, então esse alguém mente. 
4. Mas se alguém acredita profundamente, verdadeiramente, que o objeto seja algo que não é , essa pessoa é louca (mesmo que seja super sincera em sua crença ela é louca).

  • A verdade sobre algo é uma só , não existem duas verdades sobre algo em nenhuma hipótese. 
  • A verdade é universal, no tempo e no espaço. 2+2 são quatro em qualquer tempo, 2+2 são quatro em qualquer lugar.
  • A verdade é objetiva, ela independe do sujeito conhecedor. 


Assim sendo:  
O que eu acho não vale nada. 
O que o outro acha não vale nada. 
O que a maioria acha não vale nada.
Vale aquilo que é.
Semana que vem prosseguimos.

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