"O
que é a verdade ?". "É possível se chegar a ela ?".
Pode parecer difícil responder a essas perguntas em plena época do politicamente correto , quando a ditadura do relativismo impõe a politica do bom-mocismo até mesmo aos centros ditos mais conservadores no mundo ocidental.
Pode parecer , todavia não é.
O
ser humano pode e deve fazer essas perguntas, pois as suas faculdades
são capazes de apreender a verdade desde que ele adote critérios
seguros para faze-lo. Assim, pode-se concluir que ele chegara a
uma resposta definitiva, isenta de qualquer subjetividade ou
relativismo.
A resposta a questão da verdade exige uma breve observação: Falar sobre a verdade e sobre a possibilidade de se chegar a ela, toca noções fundamentais, que qualquer raciocínio pressupõe. Mesmo que se porte como relativista todo homem que indaga sobre a verdade de algo admite a possibilidade de poder apreender essa verdade , caso contrário não indagaria sobre ela. Nem mesmo que fosse para apresentar contra argumentos a um argumento qualquer apresentado sobre aquele algo a ele.
A partir daqui , analisaremos e explicitaremos noções sobre os conceitos de verdade e de apreensão da verdade. Obviamente, não nos será possível demonstrar aqui que a inteligencia humana é capaz de apreender a verdade, todavia partimos do conhecimento, tendo-o como certo, de que a mesma não somente o é, mas a todo momento, esta apta a faze-lo.
Tal aptidão não precisa ser demonstrada, tal que , ao menos de modo implicito, a reconhecemos constantemente e expressamos tal reconhecimento todas as vezes que nos colocamos a tentar conhecer alguma coisa nova. Ora, se não fosse possível a nós apreender conhecimento sobre algo, então de fato nem o tentaríamos.
Bom,
agora consideraremos em primeiro lugar o que é a verdade e , a
seguir, o critério da verdade.
1.
Que é a verdade?
1)
Ensinam os filósofos, que a verdade é a conformidade , a adequação,
entre realidade e inteligência.
Consideremos sob dois aspectos tal conformidade:
1.a) A conformidade do ser ou do objeto com a inteligência que o concebe. Ai se encontra a verdade do ser ou verdade ontológica. Trocando em miúdos, o ser é dito verdadeiro, pois se encontra em conformidade com aquilo que a inteligência concebeu sobre ele.
Não
vou me alongar nessa primeira parte. Quero apenas ressaltar que todo
ser é verdadeiro em comparação com a inteligência divina, pois
essa concebeu todos os seres em plena conformidade com o arquétipo
que lhes concebido pelo Criador. O que existe agora é reflexo direto
da sabedoria divina. Não há ser que exista que não esteja em
correspondência com o exemplar traçado por Deus; logo, percebe-se
que não há ser que não tenha verdade ontológica
Claro
que tal raciocínio suscita a questão do erro, do mal e da falsidade
no universo! Porém lembramos que esses não são entidades
positivas, sendo tão somente carências de entidade (tal qual tratou
o Doutor Angélico).
1.b) A
conformidade entre inteligência e objeto considerada do lado da
inteligência e não do objeto. Sim , eis ai a verdade
lógica. Ela é a adequação da inteligência ao objeto, a uma
realidade que ela não faz e que existe independente dela. Essa é
a verdade do conhecimento, onde entra o trabalho
criteriológico.
Vemos
então, que o conceito de verdade inclui a noção de algo (objeto)
que exite fora do individuo e que é apreendido pela inteligência
tal como é (produzindo-se então adequação ou conformidade).
2) Eis que surge a duvida:
Como garantir que aprendemos os objetos existentes fora de nós realmente são ? Como garantir que não apreendemos apenas uma aparência desses objetos ? Quem pode realmente dizer que nosso conhecimento daquilo que é externo a nós não passa de uma fantasia subjetiva ?
A
duvida é pertinente e sua elucidação relativamente simples. Ela se
resolve pela experiência e pela verificação do quão absurdas são
as consequências do relativismo e do ceticismo. Vamos partir para a
elucidação sob três aspectos:
2.a) A experiencia nos mostra que afirmamos a existência do nosso corpo e do mundo sensível .
Na
percepção do mundo sensível, somos conscientes de nossa
passividade e que nossos sentidos são excitados por estímulos
exteriores. Nossos conceitos intelectuais atestam a existência de
seres fora de nós, relacionados a atos dos sentidos que dependem de
objetos que nos são exteriores (quem tem um problema olfativo jamais
concebera o perfume de uma flor, assim como o que tem surdez de
nascença jamais concebera o som do canto de um pássaro).
Os
que negam nossa capacidade de apreendermos o mundo sensível, só o
podem faze-lo teoricamente, na prática agem como se seguros fossem
de lidar com tais e tais corpos (que existem fora de nós e cuja
afirmação se nos impõe com necessidade inelutável) bem distintos
uns dos outros (alimento, contra baixo elétrico, baixolão, etc).
Ora.
A espontaneidade com que afirmamos a existência de objetos fora de
nós, não pode ser de forma alguma uma ilusão. A ilusão é algo
que só pode ser afirmada quando a verdade acerca do objeto sobre o
qual estávamos iludidos é apreendida, fazendo desse objeto alvo de
nosso pleno conhecimento; é somente pela comparação da verdade
apreendida sobre o objeto contraposta a noção que anteriormente
dele fazíamos que podemos concluir se estávamos imersos em uma
ilusão.
Diante
do exposto acima , torna-se impossível acreditar que a percepção
do mundo sensível se sujeite a uma ilusão, pois isso se faria uma
contradição fragosa.
Descartada
então a possibilidade de ilusão , podemos já afirmar que estamos
totalmente certos ao julgar que somos capazes de apreender os objetos
a nós exteriores. Dizer que estamos encerrados em nossa percepção
de forma unicamente subjetiva nos levaria a condição de seres
incapacitados de atingir a realidade exterior e de fazer distinção
entre exterior e interior (distinção essa que nossa consciência
certamente faz).
Concluímos
pois que a experiência do dia a dia na qualidade de ilusão
simplesmente é insustentável. Nesse ponto, toda e qualquer
modalidade de idealismo desmorona ante o realismo natural.
Os que querem negar isso caem em risível absurdo e é obrigado a
reconhecer o valor objetivo das percepções humanas.
2.b)
Vejamos agora, o simples fato de se duvidar da veracidade de algo
supõe que possuímos algumas noções. Quem duvida se afirma em
existência (<<Eu duvido>>,<<Sou um sujeito que
duvida>>); quem duvida sabe o que é duvida e o que é certeza
, e sabe distinguir entre uma e outra (sabe distinguir o ser do
não-ser); quem duvida carrega a certeza de os motivos para afirmar
uma coisa ou outra são insuficientes, etc. Observem quantas certezas
, quantas verdades são necessárias para se levantar uma duvida. Ora
, é necessário partir de diversas afirmações sólidas para se
levantar uma duvida, donde se vê que a duvida nada mais é que a
filha de uma séria de certezas prévias de alguns dados; logo, a
duvida universal (duvida a repeito de todas as coisas) , como atitude
prática , é simplesmente impossível. Não há relativismo pleno
pois até mesmo afirma-lo exige certeza sobre algumas certas coisas.
2c) O ceticismo se mostra contraditório. Efetivamente, o ceticismo afirma que de tudo devemos duvidar por sermos incapazes de atingir a verdade com certeza.
Por
enquanto paro por aqui, são 03:46 da manhã e estou cansado. Na
semana que vem editarei o restante desse artigo. Antes quero deixar
algumas coisas claras:
- Verdade é a correspondência entre a idéia de um sujeito com relação ao objeto conhecido por ele.
- Se eu imagino que a letra A seja letra A eu estou certo sobre ela. Se eu imaginar qualquer outra coisa estou simplesmente errado.
- Há somente quatro posições possíveis ante um objeto:
1. Se alguém concebe um objeto tal qual ele é, então possui a verdade sobre esse objeto;
2.
Se alguém concebe um objeto diferente daquilo que ele é, então não
possui a verdade sobre ele, se alguém afirma a idéia de forma que
não corresponda ao objeto, esse alguém esta errado sobre o objeto.
3.
Se alguém sabe o que o objeto é e simplesmente o nega, então esse
alguém mente.
4.
Mas se alguém acredita profundamente, verdadeiramente, que o objeto
seja algo que não é , essa pessoa é louca (mesmo que seja super
sincera em sua crença ela é louca).
- A verdade sobre algo é uma só , não existem duas verdades sobre algo em nenhuma hipótese.
- A verdade é universal, no tempo e no espaço. 2+2 são quatro em qualquer tempo, 2+2 são quatro em qualquer lugar.
- A verdade é objetiva, ela independe do sujeito conhecedor.
Assim sendo:
O que
eu acho não vale nada.
O
que o outro acha não vale nada.
O
que a maioria acha não vale nada.
Vale aquilo que
é.
Semana
que vem prosseguimos.
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