sábado, 12 de fevereiro de 2011

Jesus Dos 12 Aos 30 Anos (Terceira Parte)

Continuando nossa serie de posts sobre a vida de Nosso Senhor entre 12 e 30 anos nos aproximamos um pouco mais dos textos do evangelho e também da arqueologia.

Segunda Etapa: Evangelhos e Dados Arqueólogicos

Embora os evangelhos sejam bem silentes no que diz respeito a adolescência de Nosso Senhor, ainda assim ele define (embora de forma curta) o que se deu nesse período. Jesus exerceu uma profissão comum na Palestina antes de iniciar Seu ministério: Ele era carpinteiro, conhecido como tal e vinculado à uma família conhecida.


Analisemos por exemplo a passagem abaixo retirada de Mc 6, 2-3:
 E, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, se admiravam, dizendo: De onde lhe vêm estas coisas? e que sabedoria é esta que lhe foi dada? e como se fazem tais maravilhas por suas mãos?
Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele.
A mesma situação é retratada em Mt 13, 53-66:
E aconteceu que Jesus, concluindo estas parábolas, se retirou dali.
E, chegando à sua pátria, ensinava-os na sinagoga deles, de sorte que se maravilhavam, e diziam: De onde veio a este a sabedoria, e estas maravilhas?
Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas?
E não estão entre nós todas as suas irmãs? De onde lhe veio, pois, tudo isto?
Esses dizeres são suficientes para mostrar que os conterrâneos de Jesus conheciam sua identidade, a família a qual pertencia e  a profissão a qual se dedicava.
Até mesmo por sarem sabedores que era homem de origem humilde espantaram-se com sua sabedoria.

Olhando um pouco os costumes da época podemos deduzir que José que teria ensinado a Jesus a profissão de carpinteiro. Diziam os rabinos:

Quem não ensina um oficio a seu filho, ensina-lhe a roubar.
Mencionamos também o fato de que entre os israelitas mesmo os que se consagravam aos estudos da Lei  eram obrigados a ter uma profissão. Rabi Hillel , por exemplo, era lenhador, Rabi Shamai era carpinteiro... Jesus não somente aprendeu a arte da carpintaria , mas a exerceu (como citado acima, Mc 6,2-3).

Em aramaico , a palavra naggar e em grego o vocábulo tekton , significava marceneiro e mestre de obras.

Giovanni Papini observou sabiamente:

O lavrador, o ferreiro, o pedreiro e o carpinteiro são os operários cujas artes manuais são as mais ligadas à vida humana, as mais inocentes e as mais religiosas.
 Visto que habitava a pequena Nazaré na Galileia não seria de se estranhar se tivesse lavrado a terra, uma tradição antiga também sugere (não vou cita-la por não ser totalmente confiável) que poderia ter apascentado ovelhas enquanto era criança. Essa configuração (cidade pequena, trabalho no campo, contato com criação de animais) explicaria sua tendência ao recolhimento (pastores trabalham sós).
De modo geral, podemos deduzir que:

  1. Jesus teria tido infância pobre (carpintaria não era algo rentável);
  2. Teria habitado casa muito modesta (visitando a parte antiga da cidade de Nazaré observa-se que era esse tipo de casa que predominava);
  3. Sua alimentação - como a dos concidadãos de sua época - teria sido algo a base de pão de cevada, leite coalhado, ovos, hortaliças, pouca carne e, nos dias de festa, peixe-grelhado.
  4. Seu meio social era composto por vinhateiros, lavradores, artistas, pescadores ... enfim, gente modesta e pobre que ajudou a compor sua formação humana;
  5. Os galileus eram gente bondosa e de coração simples embora um tanto quanto rudes; 
  6. A linguagem simples dos antigos galileus bem como sua forma figurativa de expressar-se por meio de pequenas histórias teve forte influência na forma que Jesus usava para se expressar.
Terceira Etapa: Conclusão

Como vimos no primeiro post sobre o assunto, as hipóteses de que Jesus teria estudado em escolas de sabedoria no Tibé, Egito, India, Monte Carmelo, Qumran (esse merecerá um post a parte) ... são geralmente de fontes ocultistas, teosóficas ou espíritas; falam muito mais na base de preconceitos ou premissas de seu esoterismo do que em consequência de estudos exegéticos documentados.
Explicar a origem de tais hipóteses só se pode diante da fantasia e não de qualquer raciocínio cientifico. 
Tais teorias só puderam surgir graças ao silêncio dos evangelhos sobre o período de vida de Jesus entre 12 e 30 anos. Ora, levando-se em conta que  o gênero literário a qual os Evangelhos pertencem não é o biografico, que os próprios evangelhos elucidam o fato que os conterrâneos de Jesus o conheciam ... Bem, a ciência exegética e  as pesquisas históricas demonstram que o problema relativo a esse período da vida de Nosso Senhor, simplesmente inexiste. Ou é mal colocado ou não tem razão para ser colocado.
A única coisa que poderia justificar tal questionamento por parte desses grupos é a imperícia biblica.

Por fim - e de não menor importância -  a mesma capacidade de fantasiar respostas sobre algo que se desconhece origina não apenas essas hipóteses "esotéricas" sobre a adolescência de Jesus. Alguns "Evangelhos Apócrifos" , que até possuem certa autoridade, também se revestem de caráter romancista e narram façanhas portentosas de Nosso Senhor enquanto ainda exercia a profissão de carpinteiro. Mas mesmo esses escritos situam a existência entre 12 e 30 anos em Nazaré.













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